Inverno

O dia a dia, a vida adulta, e a rotina de trabalho, estudo e afazeres me consomem mais do que deveriam. Sinto falta dos meus pensamentos que voavam soltos nas horas livres sozinha no meu quarto.

Não sei por que, mas esse clima ensolarado e frio me inspira e me recorda tempos bons naquele pátio e naqueles corredores. O sol, as árvores e até as lojas daquelas ruas me trazem um rodamoinho de sensações. 
E eu penso em você. Que dúvida! O dia todo lembrando nossas conversas filosóficas sobre a vida, sobre o tempo e o destino, lembrando o aconchego quentinho dos seus braços naquela blusa de frio. 
Deve ser o ócio do inverno. Eu lembro que escrevia muito nessa época há anos atrás. Agora você nem lê mais textos novos pra me dizer se ainda escrevo bem. 
Parei. Parei de escrever, parei de ler, parei de tomar o cappuccino matinal que eu tanto amava. Parei de dançar e de sonhar. 
Concluo que agora vivo longe dos pequenos prazeres, dos meus pequenos grandes amores, que tornavam minha vida mais feliz. Falta algo. Falta tempo, falta zelo, falta eu, falta você e falta nós dois juntos.
Eu não sei o que o destino nos reserva. Dizem que a vida é especialista em reviravoltas, não é mesmo? E eu não sei se devo temê-las ou esperá-las ansiosamente. Dizem que o tempo cura. Mas não sei se ele é infalível para todos os casos ou se somente afasta quem deveria se aproximar.
O fato é que é terça-feira e ainda tenho muita coisa pra fazer até te ver de novo e fugir de todos esses pensamentos enquanto esqueço do mundo no seu sofá.