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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O carro


Ela desceu do ônibus às cinco da tarde de um dia quente. Usando seus habituais shorts jeans e blusa de alcinha. Os cabelos? Presos sem medo. Os óculos novos proibiam a invasão de estranhos. Não se diz que os olhos são as portas da alma?
Celular na mão e fones de ouvido. Até seu gosto musical mudou. Após algum tempo com nenhuma música no celular, agora o cartão de memória está repleto de novos sons, de novas bandas que suas novas amizades a fizeram conhecer. E as antigas ela nunca mais ouviu.
Algum som indie estava tocando, e seu pensamento flutuava em meio aos acordes. Será que ela precisava mesmo de um amor pra ser feliz? Ou só aquele sol, aquele céu, e aquele vento batendo no rosto bastava pra encontrar a felicidade?
Enquanto pensava nisso, ela procurava o molho de chaves dentro da bolsa bagunçada. Por que nunca estavam no bolso em que deveriam estar? Quase alcançando a esquina, a mente já ia longe na programação para as próximas horas: um cappuccino, um seriado ou algum filme, depois o capítulo final daquele livro que não acaba nunca...
Foi então que ela virou a esquina e olhou pra casa. Em frente à garagem, bem ao estilo “contraditório às regras” dele, o carro conhecido estava estacionado com a porta do motorista entreaberta. O bastante pra fazer o coração dela gelar em pleno verão.

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