Ela desceu do ônibus às cinco da
tarde de um dia quente. Usando seus habituais shorts jeans e blusa de alcinha.
Os cabelos? Presos sem medo. Os óculos novos proibiam a invasão de estranhos.
Não se diz que os olhos são as portas da alma?
Celular na mão e fones de ouvido.
Até seu gosto musical mudou. Após algum tempo com nenhuma música no celular,
agora o cartão de memória está repleto de novos sons, de novas bandas que suas
novas amizades a fizeram conhecer. E as antigas ela nunca mais ouviu.
Algum som indie estava tocando, e
seu pensamento flutuava em meio aos acordes. Será que ela precisava mesmo de um
amor pra ser feliz? Ou só aquele sol, aquele céu, e aquele vento batendo no
rosto bastava pra encontrar a felicidade?
Enquanto pensava nisso, ela
procurava o molho de chaves dentro da bolsa bagunçada. Por que nunca estavam no
bolso em que deveriam estar? Quase alcançando a esquina, a mente já ia longe na
programação para as próximas horas: um cappuccino, um seriado ou algum filme,
depois o capítulo final daquele livro que não acaba nunca...
Foi então que ela virou a esquina
e olhou pra casa. Em frente à garagem, bem ao estilo “contraditório às regras”
dele, o carro conhecido estava estacionado com a porta do motorista
entreaberta. O bastante pra fazer o coração dela gelar em pleno verão.
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